quarta-feira, 9 de junho de 2010

São José, Santo Antônio, santa paciência!

Namorado(a) não aparece só com novenas


Dias atrás foi comemorado o Dia de São José. Operário e bom marido, o santo carpinteiro é lembrado no dia 19 de março como um exemplo de pai de família e bom esposo. De uns tempos para cá, o santo tem sido venerado por boa parte das mulheres solteiras, que, em busca de um marido com essas qualidades, ficam "esperando o José". 13 de junho é dia de Santo Antônio, santo muito conhecido por todas as solteiras em busca de um bom par para toda a vida – essa devoção é muito motivada também pela festividade nacional que a antecede : o Dia dos Namorados, no dia 12 de junho.

Apesar de 44% da população brasileira ser solteira, de fato, não está nada fácil encontrar um bom namorado. E os homens também relatam que, "mulher para casar", hoje em dia, está difícil. Diante da árdua tarefa, há quem acredite que a solução é rezar, rezar e rezar… Esperar em Deus, e só. Não recrimino essa prática, de jeito nenhum. Afinal, é bíblico “pedi e recebereis, batei e abrir-se-vos-á” (cf. Mt 7,7). Porém, será que a oração sem atitude é o bastante?

Boa parte dos solteiros desfiam orações em torno de um alguém para amar, fazem promessa aos referidos santos, vivem reclamando que estão sozinhos ou que estão "esperando". Porém, esse povo nem olha para os lados, não se arruma, nem se penteia direito, não sai de casa, nem nada. E aí como é que o seu "José" vai encontrar você? Ser desleixado consigo não é nem de longe a atitude correta que vai fazer a sua "Maria" chegar até você. (Porque os meninos católicos também procuram a sua "Maria", uma alusão a Nossa Senhora, a esposa perfeita).

Quando eu fazia faculdade, lá na Federal de Viçosa (MG), eu era do “povo da capela”, um grupo de amigos que rezava junto, ia para o restaurante universitário junto, para o grupo de oração universitário junto, enfim, éramos muito felizes e unidos. Porém, me incomodava o fato de que, boa parte das meninas, preciosas aos olhos de Deus, escondiam sua beleza por trás daquelas camisetonas bem largas de igreja, sabe? Essas que possuem a logomarca do patrocinador do evento católico nas costas e fazem com que as pessoas pareçam aqueles ônibus com propaganda no vidro de trás do veículo? A mulherada vivia para cima e para baixo bem relaxada, e alguns meninos, por sua vez, se assemelhavam aos descuidados, que passam meses fora de casa, com aquela barba crescendo, chinelão e pé sujo a toda hora, sabe?

Não digo que é preciso comprar roupas de grife, nem que cada um não possa ter o seu estilo, mas, por favor, muitos jovens confundem a humildade que Jesus pede com desleixo pessoal. Convenhamos, a mulher é mulher. Precisa ser feminina, pois como é que o seu “José” vai chegar até você se está toda escondida e descuidada, sem zelo para consigo? E você rapaz, será que não confundiu o “desprendimento” com relaxamento? Não será assim também com a sua futura família e, por isso, ninguém se aproxima para um relacionamento?

É possível viver a feminilidade, sem ser vulgar, sem decotes extravagantes ou roupas apertadas a ponto de dificultar a respiração. É possível, sim! E o outro só vai enxergá-la feminina quando você se mostrar feminina. E homens, é possível que sejam masculinos, sem ser “ogros”, concordam? Senão, pessoal, não há santo que os ajude a encontrar alguém para amar!

Há também as solteiras à espera do homem perfeito e os solteiros à espera da mulher “padrão novela”, e deixam passar boas oportunidades de relacionamento com quem está próximo – que não é perfeito, é humano, mas pode ser um bom companheiro. “Ah, não, ele é muito alto!”; “Ela é muito baixinha!”; “Ele não é de igreja”; “Só namoro quem reza o terço”; “Ela já foi muito rodada”; “Ele não pensa do jeitinho que eu penso”.

Pré-requisitos como esses limitam a sua escolha a aspectos que não necessariamente definem a pessoa como A PESSOA certa para você? Quem é que disse que para ser um bom namorado, noivo, marido, isso depende da aparência, do passado? Isso são estereótipos que só revelam quão preconceituosos nós somos. Santa paciência!
E, sinceramente, não é porque isso ou aquilo deu certo com seu amigo ou amiga que você seguirá a “receitinha mágica” para conseguir um namorado ou namorada. Será que adianta rezar o dia inteiro e dispensar todo o mundo, à espera da pessoa perfeita, que se enquadre exatamente ao que você quer? É claro que é importante você ter um mínimo de requisitos, por exemplo, seu escolhido deve ser uma pessoa com quem você goste de conversar – pois no fim da vida, é isso que resta, a conversa. Mas, limitar sua escolha àquele ou àquela que preencha uma lista gigante de requisitos, parece um barco furado.

É muito importante fazer sua escolha em Deus, pois Ele sabe o que é melhor para você. Mas o seu escolhido não irá bater à sua porta, independentemente de quantas novenas você tenha feito. Reze, sim, mas também olhe para os lados, se abra às pessoas que considera confiáveis e se dê a oportunidade de quebrar estereótipos e viver um relacionamento com alguém que tem potencial para fazê-lo feliz, alguém que cuide de você. Não viva de novena em novena pelos santos do dia, mas faça essas e outras orações na esperança de que Deus reserva o melhor para você e ciente de que é preciso fazer a sua parte.

Mariella Silva de Oliveira
mariellajornalista@gmail.com

Mariella é jornalista, professora universitária e consultora no Ministério da Saúde. Atuante na Renovação Carismática Católica há 12 anos, 10 deles no Ministério Universidades Renovadas.

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