quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Conselho

Na segunda parte da Assembléia da Obra Jovem, o Pe. Márcio fez uma reflexão sobre a importância do Conselho.

Confira o que ele falou.

“Reuniram-se para tratar desse assunto. Ora, Deus que conhece os corações lhes prestou uma comprovação dando-lhes o Espírito Santo como deu a nós”.
(At 15, 6-8)


Desde o início era assim: a Igreja de Jesus se organizava em cada lugar em torno de um grupo – um conselho – de homens e mulheres que optaram radicalmente pelo seguimento do Caminho. Estavam bem vivas entre eles as lembranças de Jesus:

– o exemplo do lava-pés (Jo 13,6-8): antes de nos ajoelharmos diante da Eucaristia, é necessário que nos ajoelhemos diante do irmão e nos coloquemos a seu serviço;

– e a explicação dada: “Vocês sabem que aqueles que são considerados governantes das nações as dominam, e as pessoas importantes exercem poder sobre elas. Não será assim entre vocês. Ao contrário, quem quiser tornar-se importante entre vocês deverá ser servo; e quem quiser ser o primeiro deverá ser escravo de todos. Pois nem mesmo o Filho do Homem veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos”. (Mc 10,42-45).

Os conselhos, melhor que pessoas isoladas, colocam-se em relação à comunidade na posição de Jesus em sua missão de pastor – de Bom Pastor, aquele que dá a vida por suas ovelhas. Por isso, nenhum outro nome lhes assentaria melhor que “Pastorais”.

No curso da história da Igreja sucederam-se períodos em que, ora se valorizava o pastoreio colegiado, como nos primeiros tempos, ora se valorizava a figura do pastor constituído hierarquicamente. Temos, a partir do Concílio Vaticano II, a visão privilegiada de Igreja como povo de Deus. Essa visão nos autoriza e induz a vivêla como sociedade participativa, onde todos são sujeitos e não objetos de sua história.

Os conselhos pastorais são uma forma eficaz de participação da comunidade na construção de sua identidade e na condução da caminhada de volta para a casa do Pai misericordioso. Essa maneira de participação se concretiza, em todas as instâncias, a começar das pequenas comunidades. O Conselho se reúne sob a coordenação de um(a) animador(a). Assim, a comunidade se organiza para crescer, em “sabedoria, estatura e graça diante de Deus e dos homens”. (Lc 2,52)

O(a) animador(a), seguindo o exemplo de Moisés, o grande condutor do êxodo do povo de Israel, reúne companheiros e companheiras capazes de ajudá-lo a testemunhar a fé e a construir a comunidade. Com eles constitui um grupo que tenha um novo olhar, capaz de descobrir e de por em prática as possibilidades evangélicas escondidas, mas já presentes e operantes, nas coisas do mundo.

A missão do conselho na vida da Igreja é evangelizar através do serviço, do diálogo, do anúncio e do testemunho de vida em comunhão. Eles se reúnem para ajudar a pensar, a atualizar, a coordenar e a articular os trabalhos da comunidade cristã, em sua atuação no mundo. Auxiliam a Igreja a caminhar atenta aos sinais da história, aos apelos de Deus e do povo. São focos irradiadores de fé, esperança e amor.

Os conselhos pastorais são caixas de ressonância que percebem os anseios e as expectativas da comunidade, buscam iluminar a realidade com a luz da palavra de Deus e trabalham para que o novo do Reino aconteça na Igreja e na sociedade. Para cumprir sua missão, eles adotam estruturas que favoreçam a participação e a comunhão.

A missão articuladora é um serviço cada vez mais necessário para assegurar a comunhão na diversidade dos dons, das experiências, das expectativas, das opiniões. Nesse espírito fraterno conseguimos evitar a fragmentação, a dispersão, a competição e o paralelismo entre grupos, associações, movimentos, pastorais e comunidades.

Articular é integrar iniciativas pastorais, criar sintonia na comunidade e entre comunidades. Em resumo: é construir e reconstruir, cada dia, uma realidade renovada, acolhendo o sopro do Espírito, o vento que vem do futuro.

• A pauta é indispensável. Colocar no início os assuntos mais importantes – articulação e animação da ação pastoral –, sem se perder em questões menores; • dar conhecimento antecipado da pauta aos(às) conselheiro(a)s e cuidar para que todos a tenham em mãos no momento da reunião; • cuidar para não discutir apenas assuntos internos da Igreja; • reservar tempo para oração. Aprofundar a espiritualidade e a formação específica do(a)s conselheiro(a)s; • dar qualidade às reuniões: que sejam bem preparadas, objetivas, sérias e alegres; tenham um roteiro, ambiente acolhedor, material didático áudio-visual e lanches. Designar pessoas para acolhida, coordenação e moderação dos debates; • registrar a reunião no livro de atas, que serão lidas e aprovadas na próxima reunião;

• possibilitar ampla participação nos debates. Que os muito falantes dêem oportunidade aos tímidos para que se expressem;

• reservar espaço para a avaliação oral ou escrita no final das reuniões. Um encontro não avaliado é como se não tivesse acontecido.

O método Ver-Julgar-Agir-Avaliar-Celebrar tem demonstrado ser capaz de impulsionar a caminhada da Igreja, levando-a ao planejamento pastoral participativo. Ajuda os conselhos se organizarem em torno de objetivos e prioridades concretas, estabelecendo metas, caminhos e prazos para sua
concretização.

Ver é procurar conhecer com objetividade a realidade humana e pastoral da comunidade ou área de abrangência;

Julgar é refletir sobre essa realidade, iluminando- a com a luz da palavra de Deus e do magistério da Igreja;

Agir é programar, estimular e realizar ações articuladas com entusiasmo e determinação;

Avaliar é fazer um novo ver, pois o método,
como a vida, é cíclico e deve ser repetido. É olhar a caminhada com vistas a seu aperfeiçoamento e continuidade.

Celebrar é renovar a mística que impulsiona nossa atuação na Igreja. Mais importante é o esforço feito. Não só os resultados alcançados.


Manual dos Conselhos Pastorais
Arquidiocese de Belo Horizonte
http://www.arquidiocesebh.org.br/site/downloads/ManualdoConselhosPastorais.pdf

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